sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A realidade é mais estranha que a ficção


Como nos recorda Arthur C. Clarke no prólogo do seu clássico "2001 - Odisseia no Espaço" a realidade é mais estranha que a ficção".
Hoje ao deambular pela baixa da velha Olisipo deparei-me com um cenário bizarro concentrado num canto do Rossio. Um engraxador junto à mulher tratava dos sapatos de último grito da moda de um executivo qualquer que parecia deliciar-se de forma sádica com o sacríficio do velho engraxador. Achei aquilo uma pura metáfora das diferenças sociais que se fazem notar na nossa (injusta) sociedade. O semblante arrogante e a silhueta pesada e redonda do engravatado parecia "esmagar" a pequenez física e fragilidade daquele senhor que provavelmente estava à horas para conseguir "uns pretos".
Mais ao lado vejo um sujeito de Leste a meter-se com as jovens que passavam da forma mais descarada justificando-se da sua atitude como "a way to pratice my inglish". Provalmente tentava a todo custo uma união com alguma lusitana mais carente ou distraída para ganhar legitimidade legal por cá.

2 comentários:

  1. É REALMENTE UMA TRISTEZA... Recordo-me enquanto criança dos senhores engravatados ou não a engraxar os seus sapatos... não por serem novos mas sim para manter a sua elegância e limpeza, os sapatos diziam muito das pessoas... lembro-me dos meus pais a engraxar os sapatos com esses sábios engraxadores... e eu própria... que faziam sempre essa questão... e esse ato era sempre contemplado por risadas e respeito pelo trabalhador!
    Pena que essa arte ande perdida... e os que o fazem, seja apenas por gozo...
    ainda ontem o meu pai engraxou os meus sapatos com a velha arte aprendida com esses senhores!
    Gostei muito do teu post, apesar da tristeza que me dá... e dos valores perdidos.
    Hoje em dia andam todos rotos e dizem ser moda!

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